Page 26 - E o Verbo se Fez Parábola | Jardim das Oliveiras
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templo de pedra suntuoso. Sentou-se. Enquanto isso, um grupo de sa-
cerdotes conversava ao lado do templo. Um deles se destacou, Hanã,
que seria o juiz do seu julgamento, juiz inflexível, com toda a arrogân-
cia e prepotência. Magnetizado pela presença de Jesus, ele pergunta:
— Galileu, que fazes na cidade?
Jesus respondeu, singelamente:
— Passo por aqui buscando implantar o Reino de Deus.
A resposta impressionou Hanã.
— Reino de Deus? Que vem a ser isso?
O Mestre respondeu:
— O Reino de Deus é a obra divina no coração dos homens.
O sacerdote, num misto de orgulho e perturbação, ironizou:
— Obra divina em tuas mãos? Por acaso contas com o apoio de
algum príncipe ilustre para concretizar os teus objetivos?
Jesus esclareceu:
— Os meus colaboradores virão de todas as partes.
Tomado de sarcasmo, o sacerdote questionou:
— Claro, claro, os ignorantes e os tolos estão em todas as partes.
Naturalmente, será esse o material que você utilizará para tua obra.
Mas, galileu, já viste alguma estátua erguida de lodo e lama?
O auge do deboche! Jesus olhou para o sacerdote e disse:
— Não há mármore mais puro e mais formoso que o do sentimen-
to, e não há cinzel superior ao da boa vontade. 15
15 “Sentado como um peregrino, nas adjacências do Templo, Jesus foi notado por um grupo
de sacerdotes e pensadores ociosos, que se sentiram atraídos pelos seus traços de formosa
originalidade e pelo seu olhar lúcido e profundo. Alguns deles se afastaram, sem maior
interesse, mas Hanã, que seria, mais tarde, o juiz inclemente de sua causa, aproximou-se
do desconhecido e dirigiu-se-lhe com orgulho:
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