Page 43 - Parábolas de Jesus à Luz da Doutrina Espírita | Fergus Editora
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A parábola fala de terreno, de uma gleba que será cultivada, mas
também de sementes. Em termos mais profundos, ela trata de uma
comunhão, de um trabalho espiritual divino e cósmico, que é um
trabalho do universo infinito, do exercício da Lei Divina e universal.
Alguém é responsável pela semente e pela semeadura, pelo cultivo
da gleba: nosso Criador - Deus - e nós próprios. Uma parte do
trabalho cabe a Deus e outra nos compete. O Pai não avança no
que são nossas atribuições, e nós não deveríamos avançar na esfera
de ação do Criador. É nessa conjugação de esforços que o Espírito
se ilumina. Portanto, ninguém evolui por conta própria, porque,
se fosse assim, não haveria revelação, e o ser humano descobriria,
sozinho, as verdades eternas e imutáveis da Criação. A evolução é
revelada, descortinada, e o aprimoramento espiritual resulta da
comunhão de esforços entre Deus e a criatura. Revelação espiritual
é quando o seu futuro vem abraçar o seu presente.
O nosso futuro é o conteúdo do Evangelho na Doutrina Espírita. Nós,
um dia, seremos o que o Evangelho nos apresenta e viveremos como
bem-aventurados. Isso é lei, é determinismo, está decretado pela
soberana vontade de Deus em Seu livre-arbítrio. Nós escolhemos
o modo e a duração do processo, porque há os “aguilhões” que
nos apressam. Uma vez reconhecida a dinâmica de interação entre
Criador e criatura, de atuação e interferência, e refletindo sobre
essa parábola, depreendemos que Deus é impertinente. Ele nos
provoca 24 horas por dia. Paulo afirma que “o amor de Deus nos
constrange” (2Co 5:14), porque deseja estreitar relação conosco.
E Ele é insistente, vai nos cutucar e nos procurar a todo momento.
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