Page 45 - Parábolas de Jesus à Luz da Doutrina Espírita | Fergus Editora
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mistura de todas as circunstâncias descritas no texto que ocorrem
simultaneamente no íntimo.
A parábola é sutil, mas mostra uma progressão, como em degraus
sucessivos. O primeiro degrau é o primeiro terreno, o que não
permitiu a entrada da semente. Trata-se da parte da gleba onde
a semente cai, mas não penetra na terra e fica na superfície do
caminho. Vêm os elementos exteriores e roubam-na ou dão outra
utilidade para ela. Nesse caso, a semente sequer inicia o processo de
germinação, que é o ingresso no solo.
No segundo degrau, o grão cai sobre o terreno pedregoso e,
parcialmente, entra em contato com a terra. Nessa etapa, Jesus, em
sua sabedoria, relata que a semente floresce rápido, mas não nos
enganemos porque as pedras não permitem que a raiz se aprofunde.
Percebemos, assim, que o critério utilizado pelo Mestre ao contar a
parábola é o grau de aprofundamento das raízes. Numa perspectiva
mais desafiadora, reflitamos: qual o nosso nível de superficialidade?
Quão superficial tenho sido em minha individualidade espiritual?
Folhas e flores nem sempre são garantia de frutos, e sabemos que
nenhuma árvore dá frutos impunemente.
Qual o terceiro degrau? Nessa fase, a semente consegue entrar na
terra e completar parte essencial do processo. Porém, ela não é capaz
de se expressar porque sucumbe aos empecilhos exteriores, que são
os espinhos também presentes na terra. A etapa dá conta de um
processo diferente, mais complexo. Nessa porção de terra há uma
disputa, um antagonismo de propósitos. Há a semente divina, mas
também a planta humana. Verificam-se dois plantios: um humano e
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