Page 15 - Câncer Aspectos Históricos, Científicos e Espiritualistas | Editora Frei Luiz
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Em 1862, Edwin Smith* comprou (ou roubou) um papiro de cinco

                 metros de comprimento de um vendedor de antiguidades em Luxor,
                 Egito.  O documento achava-se em precárias condições, com páginas
                 amareladas e quebradiças exibindo um texto redigido manualmente em
                 egípcio. Acredita-se que date do século VII a.C. e que seja a transcrição

                 de um manuscrito muito mais antigo, provavelmente elaborado 2.500
                 a.C. Entre suas particularidades, o documento apresenta correções com
                 tinta vermelha nas margens das páginas, o que levou os historiadores
                 a levantarem a hipótese de que plágio e erros tenham sido cometidos

                 durante a execução da cópia.
                   O papiro só veio a ser traduzido em 1930 e contém ensinamentos atri-
                 buídos a Imhotep, vizir do rei Djozer, médico egípcio de grande reputação
                 que viveu em 2625 a.C. e participante central de um amplo renascimento

                 egípcio. Imhotep interessou-se não somente pela Medicina, principal-
                 mente na área da neurocirurgia, mas também pela arquitetura, astrologia
                 e astronomia. Ao marcharem pelo Egito séculos depois, os gregos, ao de-
                 pararem com seu intelecto impetuoso e decidido, classi caram-no como

                 um feiticeiro antigo e o fundiram com seu próprio deus médico, Asclépio.
                   Curiosamente, em uma época mergulhada em superstições, magia,
                 encantamentos  e  simpatias,  Imhotep  de  tudo  isso  se  afastou e,  utili-
                 zando um vocabulário objetivo e mesmo cientí co, como se redigisse

                 um texto didático moderno, escreveu sobre lesões traumáticas ósseas,
                 deslocamentos vertebrais e outras alterações em corpos humanos. No
                 papiro estão relatados 48 casos de fraturas de mãos e crânios, abscessos



                 * Edwin Smith (1822-1906). Comerciante e colecionador de antiguidades americano que deu seu
                 nome a um papiro médico egípcio antigo, o Papiro Edwin Smith. O papiro foi adquirido em 1862,
                 porém, o conhecimento hierático de Smith não foi su ciente para que ele traduzisse o papiro,
                 tarefa que foi realizada por James Henry Breasted, auxiliado pelo Dr. Arno B. Luckhardt, professor
                 de  siologia, e que levou à publicação da tradução em 1930.


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