Page 16 - Câncer Aspectos Históricos, Científicos e Espiritualistas | Editora Frei Luiz
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cutâneos, dentre outros que são tratados como enfermidades médicas, e
não como fenômenos ocultos, cada um com seu próprio glossário ana-
tômico, deduções diagnósticas, sumário e até mesmo prognósticos e,
pela primeira vez na história, surgem citações esclarecedoras sobre o
câncer, relatadas por um cirurgião antigo sob lampejos elucidativos e
surpreendentemente claros.
Ao descrever o caso de número 45, Imhotep escreve:
Se você examina um caso de massas salientes no peito e descobre
que elas se espalharam pelo peito; e se põe a mão sobre o peito e
acha (as massas) frias, sem aumento da temperatura; elas não têm
granulações, não contêm líquido em seu interior, não apresentam
perda de líquido, e ainda assim são salientes ao toque, você pode
dizer: ‘Este é um caso de massas salientes contra o qual tenho de
lutar’ (...) Tumores salientes no peito correspondem à existência de
inchaços grandes, espalhados e duros; tocá-los é como tocar uma
bola de papel de presente; também podem ser comparadas à fruta
hemat verde, que é dura e fria ao tato.
Parece-me que a descrição de uma “massa saliente no peito” – fria,
dura, densa como uma fruta e espalhando-se insidiosamente debaixo da
pele, di cilmente não levaria qualquer médico a pensar que se trate de
uma vívida descrição de um câncer da mama. Cada caso descrito por
Imhotep no papiro era acompanhado de uma concisa discussão acerca
dos tratamentos, ainda que apenas paliativos, com exceção do caso 45,
no qual ele se mantém em absoluto silêncio, deixando apenas uma vaga
frase na seção intitulada “Terapia”: “Não existe”. Em conceitos médicos
atuais, o paciente do caso 45 foi considerado por Imhotep como: fora de
possibilidades terapêuticas (FPT).
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