Page 21 - Câncer Aspectos Históricos, Científicos e Espiritualistas | Editora Frei Luiz
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dor causada à enferma deve ter sido insuportavelmente forte. A con-
servação pode ser explicada também pelo fato de ser um tumor ósseo,
com grande quantidade de cálcio nele depositado e formação de tecido
endurecido.
Com relação à presença do câncer em épocas mais remotas, cito o
trabalho do antropologista Louis Leakey,* que desenterrou alguns dos
mais antigos esqueletos humanos de que se tem conhecimento, desco-
brindo um maxilar de dois milhões de anos em um sítio arqueológico
no Quênia, provavelmente pertencente ao gênero Australopitecos, cons-
tituído por diversos ramos de hominídeos extintos, bastante próximos
ao do gênero Homo. A peça apresentava sinais de uma forma peculiar
de linfoma encontrada endemicamente na África meridional, apesar de
a origem desse tumor nunca ter sido con rmada patologicamente.
Caso essa descoberta seja verdadeira, o câncer acha-se longe de ser
uma doença “moderna”, mas sim uma das mais antigas que acometem a
espécie humana e outras espécies animais.
CONCLUSÕES
Ao escavarem uma colina de sepultamento na região russa de Tuva,
no início do século XXI, os arqueólogos encontraram encurvados no
chão de uma sala interna dois esqueletos, um homem e uma mulher,
* Louis Seymour Bazett Leakey (1903-1972). Paleoantropólogo e arqueólogo queniano, cujo tra-
balho foi muito importante na demonstração de que os seres humanos surgiram e evoluíram na
África, particularmente por meio de descobertas feitas no des ladeiro de Olduvai. Tendo esta-
belecido um programa de investigação paleoantropológica no leste da África, também motivou
muitas gerações futuras a continuar esse trabalho acadêmico. Outro legado de Leakey decorre de
seu papel na promoção de pesquisas de campo, de primatas em seus habitats naturais, que ele via
como chave para entender a evolução humana.
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