Page 22 - Câncer Aspectos Históricos, Científicos e Espiritualistas | Editora Frei Luiz
P. 22
cercados por indumentárias reais de 27 séculos atrás: toucas e mantos
adornados com imagens de ouro de cavalos, panteras e outros animais
sagrados. Ao examinarem os corpos, paleopatologistas perceberam
uma abundância de tumores em praticamente todos os ossos do corpo
masculino. Tratava-se do mais antigo caso de câncer da próstata con-
rmado de que se tem notícia. A próstata em si já havia se desinte-
grado havia muito tempo. Porém, células malignas da glândula haviam
migrado seguindo um padrão comum, deixando cicatrizes metastáticas
identi cáveis. Proteínas extraídas do osso atestaram positividade para
o PSA (sigla em inglês para antígeno prostático especí co), o marcador
tumoral especí co para o câncer da próstata. Entenda-se um “marcador
tumoral” como sendo uma proteína produzida pelo tumor ou pelo hos-
pedeiro (paciente) em presença de um tumor.
Embora seja frequentemente considerado uma doença moderna,
o câncer sempre esteve conosco. Os cientistas discordam a respei-
to do quanto ele foi amplificado pelos costumes da civilização. Ao
longo das décadas, arqueólogos descobriram cerca de duzentos ca-
sos possíveis de câncer datando de tempos pré-históricos. No entan-
to, considerando-se as dificuldades de extrair estatísticas de ossos
antigos, isso significaria pouco ou muito? A raridade do câncer na
Antiguidade sugere que tais fatores se limitam a sociedades que são
afetadas por questões da vida moderna, como o uso do tabaco e a
poluição industrial. Também entram na lista obesidade, hábitos ali-
mentares, práticas sexuais e reprodutivas, e outros fatores frequente-
mente alterados pela civilização.
“Não existem razões para achar que o câncer é uma doença nova”, dis-
se Robert A. Weinberg, um pesquisador de câncer do Instituto Whi-
tehead de Pesquisa Biomédica, em Cambridge, Massachusetts, e autor
do livro didático A Biologia do Câncer “Em tempos passados, a doença
20